terça-feira, 9 de agosto de 2011

Cadê os garotos?

Atlético, Coritiba e Paraná desprezam a tendência mundial de aproveitamento de jogadores jovens nos times principais. Cenário é avaliado como circunstancial


Daniel Castellano/ Gazeta do Povo / Apesar do alto investimento nas categorias de base, trio de ferro não tem usado as promessas no time principal. Na foto, CT da Graciosa, do Coritiba

Atlético, Coritiba e Paraná estão na contramão de uma tendência mundial de aproveitamento de jogadores jovens nos times principais. Embora a negociação de pratas da casa seja a fonte principal de renda dos clubes atualmente, só um atleta com idade de júnior (menos de 20 anos) é titular entre os três. E, na seleção brasileira que disputa o Mundial da categoria, na Colômbia, não há representantes.
O único sub-20 em ação no trio da capital é Lima, 19 anos, lateral-esquerdo do Tricolor. E, para piorar a situação, ele não nasceu na Vila Capanema. Foi criado no Beira-Rio, em Porto Alegre, e veio do Internacional B, emprestado até o fim da temporada. Cenário ruim avaliado como circunstancial.

Marcelo Oliveira avalia de forma semelhante. “Não temos no momento porque os jogadores estão machucado ou por outra razão perderam a posição. Mas é um trabalho que pretendemos de estar muito atentos, até porque o time foi muito bem na Taça BH”, declara o coxa-branca. Apesar da escassez sub-20, ambos dizem estar atentos às promessas da base, e elogiam o trabalho desenvolvido em casa.“Eu acredito que com a quantidade de contratações que foram feitas, a briga ficou mais acirrada, aumentou a concorrência. De repente, ficou mais difícil para esses jogadores jovens”, afirma Roberto Fonseca, treinador paranista.
Atlético e Coritiba têm mesmo motivos para esperar por dias melhores com os garotos. Os dois têm apresentado bons desempenhos nas competições amadoras recentemente. No ano passado, decidiram a Taça Belo Horizonte. E, em 2009, o Rubro-Negro terminou como vice-campeão da Copa São Paulo.
Porém o fator “circunstancial” pode ser analisado de forma mais rigorosa. O não aproveitamento da molecada é fruto da falta de competência no planejamento do futebol. Com as campanhas fracas do trio nos últimos anos, os dirigentes preferem apostar em jogadores experientes, normalmente contratados por empréstimo, na tentativa recorrente de escapar de cenários difíceis.
“Eles [os jovens] devem ser promovidos em épocas mais tranquilas”, opina Alfredo Ibiapina, diretor de futebol do Furacão. “O momento do clube influencia muito na entrada ou não das revelações no time de cima”, comenta Marquinhos Santos, técnico dos juniores do Coxa.
A estratégia, entretanto, não garante a salvação e é terrível a médio e longo prazo. “É absolutamente fundamental para os clubes revelar e vender jogadores. O caso do Santos é emblemático. Graças aos jovens [Neymar e Paulo Henrique, especialmente] conseguiu mudar o curso de sua história”, declara Amir Somoggi, especialista em gestão e marketing de clubes de futebol.

Nenhum comentário:

Postar um comentário