Marina Silva é candidatíssima a presidente da República, apesar do
discurso elegante, muito cuidadoso, que fez hoje à tarde durante a sua
filiação ao PSB.
A ex-senadora disse que apoia Eduardo Campos, afirmou até que ele tem
uma "responsabilidade histórica diante de todos nós", mas em nenhum
momento declarou que não será candidata a presidente no ano que vem ou
que será vice do governador de Pernambuco à sucessão de Dilma.
Não há contradição nisso. Marina não poderia entrar em um partido, que
já tem uma candidatura colocada, exigindo sentar na janelinha, como
diria Romário, agora seu correligionário. Definitivamente não combina
com alguém que prega um novo modo de fazer política.
A ex-senadora joga com o tempo. Não tem pressa porque sabe que, se
continuar tão à frente de Campos nas pesquisas (ela tem 26% das
intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha; ele tem 8%), não
há força capaz de tirar seu nome da urna eletrônica. O próprio
governador pernambucano haverá de lhe oferecer o lugar.
É necessário lembrar que Campos iniciou o movimento de dissidência com o
atual governo justamente porque percebeu que estava sem espaço para
crescer. Ele desejava ser candidato a vice de Dilma agora para, em 2018,
aí sim, disputar a sucessão presidencial. Mas, sem condições de
enfrentar o PMDB, partido fundamental para a sustentação do governo no
Congresso, resolveu mudar de rota.
Na entrevista coletiva de hoje, embora chamado de futuro presidente por
correligionários em coro, Campos disse que seu PSB ainda não definiu
nada. Minutos depois, Marina, sabida, fez questão de repetir que o PSB
só definirá sua vida em 2014. O jogo apenas começou a ser jogado.
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